As batalhas do soldado Rosa

Na finitude da planície
Valquírias cavalgam
Plenitude do avenir

Rastejo faz dias semanas? perde-se a noção do tempo na batalha o Escritor chega prepara suas emoções entro no cemitério no sul da Itália surge um soldado alemão miro nele mas desaparece e volta na companhia do seu pelotão que se protege atrás do muro de uma casa abandonada o Escritor permanece em silêncio permaneço em silêncio escuto sua voz desde esta maca suas palavras me acariciam e reconfortariam se fosse possível a resignação depois de perder as duas pernas e o braço direito uma mina acaba de explodir e de levar a vida de Luiz meu amigo camponês como eu de Minas como eu e como o Escritor me aproximo de um dos túmulos fica em silêncio pensa são os obuses que acabam  com nossas almas agora nos comunicamos o Escritor está perto no cemitério brasileiro onde vou parar em breve um grupo de pássaros cinzas antecipam os urubus pretos rastejo e rastejo a morte é indiferente a dos alemães sobre tudo a minha seria um alivio pensa o Escritor nos seus meus últimos tempos não conheceu uma comida quente nem o amor de uma mulher Rosa se concentra e conversamos não quero não posso perder a voz escreve um conto sobre dois soldados eu já morri mas tudo é muito recente e minha alma atormentada continua relatando Rosa fala para que Rosa escreva minha história do soldado Rosa narrada pelo Escritor Rosa Rosa já conhecia Rosa da fazenda foi um encontro antes da guerra e não depois eu Rosa estava afastado ensinando uma vaca não ter manhas como Rosa ficcionou sempre fui calado isto sim morrer é doloroso mas rápido quando se trata de uma mina meu caso no primeiro encontro eu ainda não era soldado no segundo também não porque havia morrido por que não me deixaram morrer no campo de batalha por sorte vou morrer no hospital de campanha rapidamente escreve Rosa porque as amputações não conseguiram vencer a gangrena e é melhor porque a morfina está acabando e ninguém sabe quando chega uma nova remessa pensa Rosa que também é médico se emociona escutando minha voz outro obus destrói o rosto do soldado mais próximo e deixa uma máscara de horror no seu lugar uma mina destroça seu estômago avançamos inutilmente como inúteis são os fuzis com que tentamos enfrentar o inimigo que conta com recursos armas e número de homens superiores da guerra que foi o que mais o impressionou o próximo projétil é para mim sabe Rosa sabe Rosa sei o frio e os alemães são destemidos? fica em silêncio fico em silencio verdade que são tão corajosos sim com as mulheres os velhos e os soldados indefesos que já se renderam a comunicação já dura vários dias e Rosa termina seu conto sobre os dois soldadinhos mineiros na verdade um só Rosa eu  também  Rosa e Rosa o soldado da palavra não consigo ficar mais tempo chegou o momento da despedida tenho outra missões e tarefas a cumprir Rosa compreende Rosa compreendo Rosa volta a seu carro Aracy entra no veículo Rosa chega e senta no banco do passageiro Aracy fuma e dirige ela dá partida mas o carro engasga e não funciona não vai embora me detenho um momento antes de sair  para outras dimensões sorrio e digo até breve Rosa e a seguir na quarta tentativa o carro dá partida e avança antes de que se percam os olhos com certa nostalgia lembrando meus dias e noites nesse planeta. 

Um dia o tumulto das vozes se acalmará e finalmente haverá paz.